Impacto das Doenças Inflamatórias Intestinais sobre o crescimento de Crianças e Adolescentes
Rodrigo Oliveira
Nutricionista – IMeN
As doenças inflamatórias intestinais (DII) são doenças crônicas que afetam o trato gastrointestinal: sendo predominantemente compostas pela Doença de Crohn (DC) e pela Colite Ulcerativa (CU). Embora o fato da DC e a CU possuírem alguns aspectos similares, elas possuem características endoscópicas e histológicas distintas. Além disso, as manifestações clínicas e os resultados nessas duas condições podem variar. Até o presente, não existem tratamentos médicos específicos para a cura da DC e da CU: sendo que as terapias atuais visam controlar a doença e prevenir complicações adversas.
Este artigo de revisão teve como foco, avaliar o impacto nutricional das doenças inflamatórias intestinais em crianças e adolescentes e analisou estudos norte-americanos e canadenses de uma maneira geral. Diversos estudos em grupo apontam para uma perda de peso ou um baixo ganho deste durante o período inicial do diagnóstico da DII, sendo que as razões para os ganhos de peso alterado são provavelmente multifatoriais, com a redução da ingestão calórica sendo a mais comum delas. Uma ingestão deficiente pode ser a conseqüência dos efeitos anorexígenos dos mediadores pró-inflamatórios, como a interleucina- 1β ou fator de necrose tumoral (TNF)-α, ou resultado de saciedade precoce, dor, ou náuseas. A dor associada com a ingestão, levando a pouca tolerância dos alimentos, e o medo de diarréia após as refeições são também apontadas pelos pacientes como possíveis causas.
A avaliação do crescimento linear é um dos métodos mais sensíveis para a monitorização do desenvolvimento na criança e reflete basicamente, a constituição genética e o estado nutricional. Entre as inúmeras causas de baixa estatura destacam-se as doenças crônicas, sendo que o comprometimento no âmbito nutricional pode trazer consequências a curto e a longo prazo, que incluem atraso da puberdade, deficiências de micronutrientes, doenças ósseas e déficit de crescimento.
Apesar da maior preocupação girar em torno do impacto nutricional nas crianças com baixo peso ou ganho inadequado, existem crianças que apesar de serem portadoras de alguma DII, são classificadas com sobrepeso e/ou obesidade em estudos americanos.
Por sua vez, as terapias médicas podem impactar negativamente em diversos aspectos o crescimento de crianças com DII. Os corticosteróides, por exemplo, podem levar a diversos efeitos colaterais como um aumento na retenção líquida e aumento no apetite, entretanto, este ganho de peso não pode ser confiável, pois pode-se superestimar o indivíduo em muitos casos. Esteróides podem também aumentar a reabsorção óssea diminuir a osteogênese e consequentemente afetar a saúde óssea e fatores de crescimento como o IGF-1, que por sua vez prejudicam o crescimento final deste indivíduo. O uso de Sulfassalazina pode comprometer a absorção do folato, e deve ser suplementado em alguns casos específicos quando ocorre uma combinação com outros medicamentos específicos. Estudos americanos e franceses apontam que pacientes após o uso do Infliximab (anticorpo monoclonal que se liga e inativa o fator de necrose tumoral-alfa) melhoraram ganho de peso e tempo de crescimento, sempre levando em consideração o fator puberdade que influencia no resultado, principalmente em meninos, devido a um estirão mais longo. A dietoterapia pode envolver em muitos casos o uso exclusivo de nutrição enteral, que já teve sua eficácia comprovada em inúmeros estudos, principalmente em pacientes com DC em atividade.
Concluindo, o estudo consegue reunir diversos achados científicos demonstrando o impacto que as DII podem causar no paciente infanto-juvenil, e que fatores inflamatórios, genéticos e nutricionais tem grande importância no crescimento destes indivíduos.
Referência: V. Moeeni, A. S. Day. Impact of Inflammatory Bowel Disease upon Growth in Children and Adolescents. 2011, International Scholarly Research Network Pediatrics. Article ID 365712.
Disponível em: http://www.isrn.com/journals/pediatrics/2011/365712/