Daniel Magnoni
Celso Cukier
A desnutrição, nas diferentes caracterizações clínicas, configura-se como importante problema de saúde pública. Inúmeras referências abordam a caracterização da desnutrição hospitalar e relacionam prognósticos sombrios aos grupos de pacientes desnutridos internados em instituições de saúde. A instalação ou a deterioração do grau de desnutrição pode ser incrementada pelo tempo prolongado de internação hospitalar seja no período pré-diagnóstico ou no seguimento curativo.
No ano de 1997, a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) divulgou resultados do INBRANUTRI (Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar), onde comprovou-se que 48,1% dos doentes internados nos hospitais públicos encontravam-se desnutridos, sendo 35,5% com desnutrição moderada e 12,6% com desnutrição grave.
O estado de desnutrição é causa direta do maior tempo de internação hospitalar, aumento do número de complicações infecciosas e não infecciosas, menor rotatividade dos leitos e maior custo por doente internado. Esses fatores associados geram maiores gastos com a saúde.
Nas considerações acerca da desnutrição hospitalar pode-se, de forma objetiva, determinar as possíveis causas:
¨ Ingestão inadequada de nutrientes pela anorexia e distúrbios do trato gastrointestinal
¨ Desnutrição pré-existente agravada por doenças associadas
¨ Condição de hipermetabolismo inerente à doença existente e seu tratamento
A avaliação nutricional deve prevalecer ao lado da anamnese direcionada à patologia básica, no contexto principal do diagnóstico.
Os métodos disponíveis à classe médica e à equipe multiprofissional, habilitados ao exercício do diagnóstico de desnutrição, podem induzir ao incremento do processo curativo e à economia de recursos à instituição.
O que é avaliação nutricional?
Como avaliação nutricional compreendemos as ações em saúde envolvidas com anamnese clínica, interrogatório complementar geral por aparelhos e específico no caso de digestão e nutrição.
Na seqüência da interação paciente / investigador procede-se ao exame físico geral e especial.
O diagnóstico nutricional, inicialmente configurado como "Hipótese Diagnóstica" complementa-se com procedimento propedêutico, laboratorial ou especial de caráter não invasivo.
A seguir demonstramos a seqüência das ações de diagnóstico em avaliação nutricional
Anamnese,
Interrogatório complementar geral
Interrogatório complementar especial
Exame físico geral e especial
Hipótese diagnostica
Propedêutica subsidiária
Antropometria
Laboratório
Ingestão dietética
Composição corpórea
Metabólica/funcional
Para ler em casa / Referências bibliográficas
Carraza, FR, Kimura, HM – Avaliação nutricional. In: Telles Júnior, M & Tannuri, Uenis. Atheneu. São Paulo.1994. pp39-50.
Dorice, M; Czajka-Natrins – Avaliação do estado nutricional. In: Krause & Mahan. Alimentos, nutrição e dietoterapia. Ed. Oca, São Paulo – SP. 1995, cap. 17, pp. 309-330
Grant, JP. Nutrição parenteral. Revinter. Rio de Janeiro, 1996.
Revista Brasileira de Nutrição clínica. Vol. 13, supl. 2, 1998.
Riella, M,C – Avaliação nutricional e metabólica. In: Riella, M.C. Suporte nutricional parenteral e enteral. Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro – RJ. 1993, cap 3. pp 24-40.
Waitzberg, DL & Ferrini, MT – Avaliação nutricional. In: Waitzberg, DL. Nutrição enteral e parenteral na prática clínica. Atheneu. São Paulo. 1995, pp127-152.